O conceito de literacia é utilizado neste estudo para
abordar as competências e habilidades das pessoas em relação às TIC.
A palavra literacia não é comum no Brasil e há pesquisadores
que expressam essa ideia a partir de palavras como letramento e alfabetização.
No entanto, há um grupo de estudiosos que prefere utilizar o termo próximo do
original, em inglês, ou seja, literacy.
Essa distinção busca evitar comparações com a tradição dos estudos sobre
aquisição de leitura e escrita, bastante comuns nos campos da Educação e da
Pedagogia. O termo literacia, nesta pesquisa, configura uma nova abordagem para
os estudos sobre a cultura das redes e caracteriza-se por indicar a habilidade de
usar a informação de maneira efetiva e criativa.
Há várias abordagens nos estudos sobre literacias e uma variedade
de terminologias a elas associadas. Literacia digital, Literacia Informacional,
Literacia Computacional, Literacia da Internet e Literacia Midiática são alguns
termos comuns de serem encontrados. Um exemplo de uma tentativa de congregar
essas ideias numa expressão comum vem da Unesco, que recentemente apresentou a
ideia das Literacias Midiáticas e Informacionais, no original, em inglês, Media and Information Literacy. O
importante dessa definição é o que ela defende:
- As literacias midiáticas e informacionais são um direito humano fundamental;
- As literacias midiáticas e informacionais aumentam a qualidade de vida humana e o desenvolvimento sustentável da civilização;
- As literacias midiáticas e informacionais são importantes para o desenvolvimento social, econômico e cultural.
Essas ideias da Unesco estão relacionadas à própria
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu artigo 19 afirma que:
“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”
Por fim, para compreender melhor o que são as literacias,
apresentamos a definição de Paul Gilster, um dos primeiros pesquisadores a
cunhar a expressão “Literacia digital”. Segundo este autor, os recursos da
Internet são fundamentais nos processos de ensino-aprendizagem e no
autoapropriamento das competências pessoais. Isso significa que, para além da
localização de algo, é preciso também adquirir habilidade para usar isso que
foi encontrado. Sendo assim, a Internet, por exemplo, pode proporcionar a seus
usuários os seguintes processos de ensino-aprendizagem e autoaprimoramento de
competências pessoais:
- realizar julgamentos sobre o conteúdo das informações disponíveis na Internet;
- justapor os diversos conhecimentos encontrados na Internet provenientes de diferentes fontes, de maneira não linear, para elaborar informações confiáveis;
- buscar e manter a pesquisa constante das informações atualizadas.
Essa abordagem de Paul Gilster é apenas um exemplo das visões que compõem a atual pesquisa sobre literacias no AcessaSP. Todas elas buscam, de alguma forma, discutir a apropriação consciente dos computadores e da Internet numa postura de aprendizado dinâmico, colaborativo e constante.
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