A pesquisa sobre literacias emergentes no programa AcessaSP envolve os conceitos de interação e interatividade, palavras que,
principalmente a partir do advento da Informática, passaram a fazer parte do
nosso vocabulário para representar as possibilidades e potencialidades na
relação com os computadores e nas relações que são mediadas por eles.
Mas as características interativas não são exclusivas dos
novos meios de comunicação. Há que se lembrar como, no campo da Comunicação
Social, por exemplo, sempre buscou-se um nível de participação do público em produtos
midiáticos, como os jornais ou programas de rádio e TV. Exemplos disso são as
cartas do leitor e a participação por telefone.
Atualmente, no entanto, as interfaces computacionais potencializaram
essa possibilidade e nos requerem demasiada atenção e participação. Por conta
disso o termo interatividade, nesse sentido, carrega em si a ideia de ampliação
da comunicação e de possibilidades de manipulação de informações.
Um pesquisador chamado Sally McMillan define muito bem três
ocasiões em que a interatividade acontece. Segundo ele, num chat, por exemplo,
estabelecemos uma interatividade entre dois usuários que têm, numa sala de
bate-papo, todas as possibilidades de um diálogo, com todas as características
que isso propõe. Outras possibilidades interativas ocorrem, de acordo com
McMillan, com documentos e com sistemas, a partir do momento que, em interfaces
computacionais, também interagimos com a máquina propriamente dita. Isso
ocorre, respectivamente, quando, por exemplo, fazemos o download de um e-book e
quando preenchemos um formulário ou inserimos nossa senha para entrar num
sistema web.
Como podemos notar, a interatividade é muito importante para
compreender nossas ações com as pessoas e com as próprias máquinas. Estas, por
sua vez, podem ser mais ou menos interativas dependendo daquilo que elas nos
possibilitam fazer em seus ambientes. Quanto mais liberdade criativa e
participativa tivermos, mais interativa é a interface.
Um outro pesquisador que colabora para compreender essa
relação com as máquinas é o brasileiro Alex Primo. O termo que ele utiliza para
descrever essas relações é Interação. Segundo ele, as interações mediadas por
computador podem ser reativas ou mútuas.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer que este autor que chama
a atenção para o fato de que nem todas as interações digitais podem ser
equiparadas àquelas interpessoais. Ou seja, nem tudo o que é possível fazer na
relação com os computadores têm o mesmo potencial de um diálogo entre dois
seres humanos.
Nesse sentido, a interação reativa é algo bastante
característico dos computadores, já que boa parte do que fazemos nele ou um
sistema informático é limitado às possibilidades previamente pensadas por quem
os projetou. Ou seja, há um ambiente vigiado e controlado por predeterminações.
A interação mútua, ao contrário, pode ser comparada ao contexto
de uma comunicação interpessoal, na qual as posições das pessoas são capazes de
produzir intercâmbio, mudanças e relações de negociação e conflito. A
reciprocidade, neste caso, é contrária a qualquer processo entendido como
linear e somativo. A partir desta característica, os participantes de uma
interação desse tipo têm a mesma capacidade de movimentação e transformação tanto
do relacionamento quanto a si próprios e aos outros. Portanto, não se trata de
uma causalidade linear, onde prevalece a lógica de causa e efeito.
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